terça-feira, 8 de setembro de 2020

Turma 61, 71, 81 e 91 - Ensino Religioso - Prof. Marcos Monteiro

 

Turma 61

Copie o texto abaixo. Leia atentamente e escreva um texto com 10 linhas, no mínimo, explicando o que você entendeu sobre a criação do mundo na perspectiva Iorubá.      

 

"O que moveu Olódùmarè a pensar em criar a terra, ninguém sabe. Ele concebeu e realizou a ideia. Ele chamou Òrìsà-Nlá à Sua presença e encarregou-o com deste dever. Deu a ele um pacote de terra, uma galinha de cinco dedos e um pombo.

Quando Òrìsà-Nlá chegou, ele lançou a terra sobre um lugar e soltou a galinha e o pombo. Eles imediatamente começaram a ciscar e espalhar a terra. Òrìsà-Nlá voltou e relatou a Olódùmarè que o trabalho havia sido realizado.

Depois disto, Olódùmarè enviou o camaleão para inspecionar o trabalho que tinha sido feito. [...]. Na primeira visita, o camaleão informou que a terra estava ampla, mas não estava seco o suficiente; [...] na segunda visita, ele retornou informando que ela já estava seca o suficiente. O lugar sagrado onde o trabalho começou foi chamado Ifè (aquilo que é amplo), [...] Olódùmarè enviou novamente Òrìsà-Nlá para preparar e embelezar a terra.

Desta vez, Olódùmarè então enviou Òrúnmìlà para acompanha-lo como seu conselheiro. [...]. Para Òrìsà-Nlá, Olódùmarè deu a primeira Igi Òpe [...] e outras três árvores, Iré, Awùn, Dòdo. Ainda não chovera sobre a terra. A galinha e o pombo original haviam se multiplicado e dariam alimentação para os moradores da terra. Òrìsà-Nlá veio para baixo e fez como tinha sido dito para ele.

Quando tudo estava pronto, Orèlúéré, aquele que tinha sido preparado antes, foi enviado para chefiar a primeira humanidade. As coisas na terra estavam correndo bem e os habitantes estavam se multiplicando, quando foi descoberta que não existia água suficiente.

Então Òrìsà-Nlá apelou para Olódùmarè e a chuva começou a cair sobre a terra. Òrìsà-Nlá foi encarregado de criar corpos físicos do homem do pó da terra, [...]

Olódùmarè deveria então vir e colocar o fôlego, completando a criação da humanidade, pois Ele é o único doador da vida. Òrìsà-Nlá planejou espiar Olódùmarè para saber como Ele colocava a vida no corpo. Um dia, quando terminou o seu trabalho, ele se escondeu e ficou espiando, mas Olódùmarè fez ele cair em um profundo sono.

Quando Òrìsà-Nlá acordou a humanidade já possuía vida. O ofício de “criador” deu a Òrìsà-Nlá a prerrogativa de fazer os corpos humanos perfeitos ou deficientes, bem como da cor que ele desejar."

Fonte: IDOWU, Bolaji E. Olódùmarè God inthe Yoruba Belief, A&B Books, New York, 1994 [1962], pg. 18-19 (tradução de Luiz L. Marins)

 

Òrìsà-Nlá  = OxaláOrixaláOrixaguinãGunocô ou Obatalá[3] é o orixá associado à criação do mundo e da espécie humana. Apresenta-se de várias maneiras (qualidades) sendo as duas principais qualidades: a forma jovem, em que Oxalá é chamado de Oxaguiã e seus símbolos são uma idá (espada), um pilão de metal branco e um escudo. Na sua forma idosa, Oxalá é chamado Oxalufã e seu símbolo é um cajado de metal chamado opaxorô.

A cor de Oxaguiam é o branco levemente mesclado com azul no candomblé e somente branco no batuque do Rio Grande do Sul; a de Oxalufam é somente branco de gossa em ambos. O dia consagrado para oxalá moço é a sexta-feira e o domingo para oxalá velho e oxalá de orumilaia. Sua saudação é èpao, èpa bàbá! Oxalá é considerado e cultuado como o maior e mais respeitado de todos os orixás do panteão africano. Simboliza a paz, é o pai maior nas nações das religiões de tradição africana. Oxalá significa luz (oxa) branca (alá); É calmo, sereno, pacificador; é o criador e, portanto, é respeitado por todos os orixás e todas as nações. A Oxalá pertence os olhos que veem tudo.

Turma 71

Copie o texto no caderno de Ensino Religioso. Anote as palavras que você não entendeu e pesquise seu significado.

 

Quem são os sacerdotes nas maiores religiões afro-brasileira?

 

O Pai de santo, pai de terreiro, babalorixá, babaloxá ou babá é o sacerdote das religiões afro-brasileiras. Seu equivalente feminino é a ialorixá ou mãe de santo

O Bàbálórìsà palavra de origem yorubá formada pela junção de Bàbá+lo+Òrisà. Com o aportuguesamento tornou-se "Babalorixá" e "babaloxá", ("baba" + lo (de) + "orixá")."Babá" é oriundo também do termo baba, "pai".

Um babalorixá do candomblé pode ser chamado de pai de santo, porém, pais de santo de outras religiões afro-brasileiras não podem ser chamados de babalorixá por não ter cumprido todas obrigações requeridas para se ter esse título.

No Babalorixá no Candomblé nem toda pessoa iniciada será um sacerdote com casa aberta, uma vez que isso será determinado por seu orixá na obrigação de sete anos (Oduijé), quando receberá o título e direitos de independência do seu babalorixá. No caso de o orixá não querer uma casa aberta, na hora da entrega dos direitos ele coloca isso aos pés do seu babalorixá e a pessoa não precisará abrir uma casa, podendo permanecer na casa onde foi iniciado como ebomi.

Ebomi significa o "Meu Mais Velho" é um adepto do candomblé que já cumpriu o período de iniciação (iaô) na feitura de santo, já tendo feito a obrigação de sete anos odu ejé. Essa denominação é dada tanto às pessoas que receberam o cargo oyê, tornando-se uma ialorixá ou babalorixá que irá abrir um novo ile axé, como as que não receberam esse cargo e continuarão na casa onde foram iniciados ou em outro ile axé, sem ser iyalorixá ou babalorixá.

Na sua função sacerdotal, o babalorixá faz consultas aos orixás através do jogo de búzios, uma vez que, no Brasil, não há o hábito de se consultar o babalaô, chefe supremo do jogo de Ifá. Isso se deve à ausência da figura do mesmo na tradição afro-brasileira, desde a morte de Martiniano do Bonfim, segundo os mais antigos ocorrida por volta de 1943. Desde então, o professor Agenor Miranda era convocado para escolher a mãe de santo nos grandes terreiros baianos, mas, agora, com os avanços tecnológicos e com a imigração voluntária de africanos para o Brasil, ouve-se falar de novos babalaôs na tradição brasileira, donde a necessidade de diferenciar ifá de merindelogun e jogo de búzios. (Ifá = oráculo) (jogo de búzios = arte)

Na sua função administrativa, é o responsável maior por tudo o que acontece na casa: a quantidade de filhos de santo, a de pessoas para serem atendidas etc. Nela, ninguém faz nada sem a sua prévia autorização. Conta com a ajuda de muitas pessoas para a administração da mesma, cada uma com uma função específica na hierarquia, embora todos os auxiliares conheçam de tudo para atender a qualquer eventualidade.

Nas casas menores de candomblé, o babalorixá, além da função sacerdotal, acumula diversas outras funções, devendo ser conhecedor das folhas sagradas, seus segredos e aplicações litúrgicas; em caso de rituais ligados aos egunguns, ou se especializa, ou consulta um ojé quando necessário. Quando a casa ainda não tem um ogã confirmado, ele mesmo faz os sacrifícios; quando a casa ainda não tem alabê, normalmente o babalorixá convida alabês das casas irmãs para tocar o candomblé; na ausência da iabassê ou equede, ele mesmo faz as comidas dos orixás, costura as roupas das iaô, faz as compras e outras tarefas do dia a dia.

No Batuque, o babalorixá ou iyalorixá tem a responsabilidade de formar novos sacerdotes, que darão continuidade aos rituais. Para isto é preciso preparar novos filhos de santo, que durante um certo período de tempo aprenderão todos os rituais para preservação dos cultos.

O Babá na Umbanda tem iniciação na umbanda é diferente da iniciação no candomblé, e o iniciado na umbanda não passa pelos mesmos preceitos que o iniciado no candomblé.

Turma 81

As religiões monoteístas ocidentais são ressurreicionista, isto é, acreditam na ressureição dos mortos para uma vida eterna. No Oriente, a maioria das religiões são reencarnacionistas, isto é, acreditam na reencarnação do morto em um novo ser para uma nova vida, mas existem exceções e especifidades como as religiões afro-brasileiras, as quais foram fortemente originadas e/ou influenciadas pela religião Iorubá (Candomblé, Batuque e a Umbanda. Copie o texto no caderno. Leia atentamente e descreva a noção de juízo final, céu e inferno na religião Iorubá. 

 

Os iorubás creem em vida após a morte e principalmente na reencarnação, e assim os mortos recebiam cuidados funerários para uma boa pós-vida. Com relação à vida após a morte, não há consenso sobre a localização do outro mundo, se embaixo da terra ou em um mundo invisível separado dos vivos. Outros achavam que os mortos iriam viver em tribos antigas.

 

Quando morto, o indivíduo passava uma longa jornada, um rio com um barqueiro que precisa ser remunerado. Havia montanhas, portões. Assim, as cerimônias eram realizadas com comidas e bebidas para que o morto acumulasse energia para transcender ao outro mundo. Segundo a tradição, a forma humana (ara) é moldada em barro por Orisanlá e em seguida Oloddumare infla seu hálito, chamado emi (espírito). Além destes, o ser humano recebe a “alma”. Muitos tradutores antigos traduzem “alma” como okan (coração) ou emi. O coração é um órgão tangível, mas a “alma” é intangível. Assim, quando o corpo morre, o espírito e a essência aqui chamada de “alma” não acabam, mas voltam para Oloddumare, a fonte das almas.

 

Portanto, a morte não é vista como extinção, mas como prolongamento da vida. Para se tornar um ancestral conceituado, o homem tem que viver bem, morrer bem e deixar bons filhos. Se morresse um jovem ou ocorresse uma morte inesperado, isto era encarado com tristeza. Caso fosse um idoso que teve uma vida próspera, ocorria uma celebração, haja visto a relação com os ancestrais.

 Com relação à chegada ao outro mundo, Maria Inez Couto de Almeida diz: “A mulher era enterrada com os objetos de que necessitaria de imediato: colares, brincos, roupas, comidas e utensílios; um caçador era enterrado com suas armas; uma pessoa da família real era acompanhado por um séquito de empregados e escravos, que eram executados na ocasião do enterro. Podemos deduzir desta prática que era esperado que os mortos tivessem no outro mundo as mesmas vantagens sociais e econômicas que tinham na terra. Isto sugere também que a vida lá continuava de forma muito semelhante à vida neste mundo.” 

Turma 91

Copie os trechos da entrevista abaixo. Leia atentamente e descreva o rito fúnebre (velório, sepultamento e luto no Candomblé e os orixás que conduzem o falecido no pós-vida. 

 

Para compreendermos um pouco sobre os ritos de passagem do candomblé eu tive a honra de entrevistar a Pedagoga Denise Botelho, uma estudiosa do assunto e praticante do candomblé da nação Ketu, sobre questões que permeiam este tema. Abaixo seguem os principais pontos da entrevista.

 

Como os praticantes do candomblé compreendem a morte? Qual o seu significado?
A morte faz parte da vida, muda-se apenas a existência, mas o espírito persiste. Para nós, bom é morrer com muitos anos de vida. Pois, vida longa é sinal de que você viveu em sintonia com os desígnios divinos.

 

O que é Axexê?  E quais são os rituais funerários dedicados aos mortos?
O Axexê é o ritual fúnebre que se realiza quando uma pessoa iniciada no candomblé morre. É um ritual complexo, pois possibilita desfazer o que se tinha feito na feitura do santo. Começa-se com a preparação do corpo para o enterro, depois é seguido de muitos cânticos e, segue-se por outros momentos específicos até completar um ano do falecimento da pessoa. Quando uma Iyalorixá ou Babalorixá (lideranças das casas de candomblé) morre o terreiro fica um ano sem atividades litúrgicas.

 

Você poderia nos explicar o papel de Iansã, a senhora dos cemitérios, e Omolú no contexto dos rituais do candomblé?

Iansã na verdade é a Senhora dos Ventos e esta divindade é que tem o poder de conduzir os espíritos que faleceram ao Órum (mundo da não matéria). O mito revela que o primeiro Axexê foi realizado por Iansã.
O mito conta que “Vivia em terras de keto um caçador chamado Odulecê, que era o líder de todos os caçadores, e que tomou por sua filha uma menina nascida em Irá, que por seus modos espertos e ligeiros era conhecida por OIÁ.
OIÁ tornou-se logo a predileta do velho caçador, conquistando um lugar de destaque naquele povo. Mas um dia a morte levou Odulecê, deixando OIÁ muito triste.
A jovem pensou numa forma de homenagear o seu pai adotivo. Reuniu todos os instrumentos de caça de Odulecê e enrolou-os num pano. Também preparou todas as iguarias que ele tanto gostava de saborear.
Dançou e cantou por sete dias, espalhando por toda parte, com seu vento, o seu canto, fazendo com que se reunissem no local todos os caçadores da terra.
OIÁ embrenhou-se mata adentro e depositou ao pé de uma árvore sagrada os pertences de Odulecê.
Olórun, que tudo via, emocionou-se com o gesto de OIÁ e deu-lhe o poder de ser a guia dos mortos no caminho do Orum. Transformou Odulecê em orixá e OIÁ na Mãe dos espaços dos espíritos.
Desde então todo aquele que morre tem seu espírito levado ao Orum por OIÁ.
Antes, porém, deve ser homenageado por seus entes queridos, numa festa com comidas, canto e danças”.

 

Omulú é o Senhor da Terra, que vai receber o corpo para a transformação
“Dono das lanças certeiras, quem era atingido tornava-se cego. Quando se sentia desrespeitado mandava a peste.
Seu poder está extraordinariamente ligado à morte. Ele lidera e detém o poder dos espíritos e dos ancestrais, os quais o seguem.  Ele é a própria terra que recebe nossos corpos para que vire pó. Divide com Iansã a regência dos cemitérios, pois ele é o Orixá que vem como emissário de Oxalá, princípio ativo da morte, para buscar o espírito desencarnado.
É Omulú que vai mostrar o caminho, servir de guia para aquela alma. Senhor da Terra e das camadas de seu interior, para onde vamos todos nós. Daí a ligação que tem com os mortos, pois ele é quem vai cuidar do corpo sem vida, e guiar o espírito que deixou aquele corpo.
É por isso que Omulú gosta de coisas passadas, apodrecidas. A participação de Omulú nos rituais africanistas é imprescindível. É ele o regente da feitiçaria e da magia. Orixá responsável pelo processo de transformação de energias.
Enquanto Obaluaiê se responsabiliza pela doença e a cura, Omulú se responsabiliza em castigar os malfeitores e descrentes, castigando-os com as doenças e, em consequência, a morte, se não for reverenciado.
Seu maior castigo é a presença de doenças como, por exemplo a varíola, doença pela qual ele é mais conhecido. À morte dá continuidade a existência espiritual.
Porém, ao sentir que não há mais necessidade que o espírito continue a caminhar, Omulú assume seu papel de, através do corpo, devolver à terra a continuidade da evolução, e entrega o espírito ao Órum.
O xaxará de Omulú, como se fosse uma vassoura, varre a morte. Não deve ser temido, porém respeitado”.

 

Os praticantes do candomblé podem ser cremados?
Não, os nossos corpos devem retornar a terra, para completar o ciclo da vida.

Dentre os rituais ligados à morte o que os familiares fazem com os pertences da pessoa que morreu?
Junta-se todos seus pertences pessoais utilizados em sacrifícios e obrigações, como roupas, colares e se faz uma consulta oracular (jogo de búzio) para se saber do destino dos objetos separados.

 

Como é vivenciado o processo de luto pelos familiares e amigos?
No enterro as pessoas vestem-se de branco, como seres humanos, sentimos saudades dos nossos entes queridos, mas eles permanecem conosco e são reverenciados por seus grandes feitos, por isso que viver de forma digna é condição fundamental para seguir o seu destino, mesmo depois da morte.

Denise ressalta que suas respostas não são dogmas dentro do candomblé porque, como os ensinamentos são passados de forma oral, existem variações de casa para casa.

Eu penso que há uma ausência de reflexão sobre o fenômeno religioso na vida do ser humano por parte da psicologia. Por isso, eu penso ser papel do psicólogo compreender e dar voz a todas as maneiras que o ser humano possui para se expressar no mundo e, claro, a religião é uma delas.

 

Axé!

Nazaré Jacobucci
Psicóloga Especialista em Luto
Especialista em Psicologia Hospitalar
Psychotherapist Member of British Psychological Society (MBPsS/GBC)




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