O país hoje chamado de Haiti foi colonizado pelos
espanhóis e depois, a partir de 1697, pelos franceses. O Haiti está localizado
numa ilha da América Central. Hoje nessa ilha estão dois países: Haiti e a
República Dominicana.
Os espanhóis chegaram primeiro nessa ilha e
iniciaram a escravização dos indígenas que ali viviam. Os espanhóis chamaram a
ilha de Hispaniola. Até o final do século XVI (16), os indígenas haviam sido
quase totalmente exterminados pelos espanhóis. A escravização de indígenas e
depois dos africanos era utilizada para obter mão-de-obra para as lavouras de
cana de açúcar e café. A venda desses produtos gerava enormes lucros para a
Espanha.
Após fazerem acordos com os espanhóis, os franceses
passaram a ocupar parte dessa ilha, a parte oeste, e derem o nome de São
Domingos para esse território, onde hoje é o Haiti. A parte leste da
ilha (onde hoje é a República Dominicana) continuou nas mãos dos espanhóis.
Observe o mapa e perceba que hoje existem dois países diferentes nessa
mesma ilha.
Os franceses continuaram a colonização de
exploração do território de São Domingos (atual Haiti). Sendo assim, mantiveram
as grandes propriedades de terra para poucos donos (brancos) nas quais os
africanos eram forçados a trabalhar (regime de escravidão) nas plantações de
cana de açúcar. Os lucros eram obtidos tanto pelo comércio de pessoas
escravizadas quanto pela venda do açúcar e ficavam nas mãos da França, dos
proprietários de terras de São Domingos e dos comerciantes de escravizados
africanos.
O sistema
de escravidão a que estavam submetidos os africanos e seus descentes na ilha
era perverso, estavam sujeitos a todos os tipos de violência física e
psicológica pelos colonizadores franceses. Reflita sobre o que foi a
escravidão, o sequestro dos africanos de seus territórios de origem, a vinda em
navios para as Américas, tendo sua humanidade rejeitada, sendo tratados como
animais (vendidos e submetidos a todos os tipos de castigos físicos e ao
trabalho forçado sem nenhum pagamento). Um dos castigos que os colonizadores
franceses submetiam os africanos em São Domingos eram enterrá-los em pé, apenas
com a cabeça de fora, assim morriam lentamente após terem seus rostos comidos
por abutres e insetos.
As lutas pela independência
Esse território se tornou independente devido às lutas
lideradas por libertos (pessoas que foram escravizadas, mas que conseguiram
liberdade) e por escravizados de origem africana. Durante quase 15 anos,
libertos e escravizados lutaram contra os colonizadores franceses. As batalhas
tiveram início no ano de 1791 e se estenderam até 1804.
A violência a que estavam submetidos os africanos e
seus descentes em São Domingos, as importantes lideranças negras que tiveram, o
rápido avanço das revoltas de escravizados e libertos, que se espalharam pelo
pequeno território, são fatores que explicam o sucesso dos revolução.
Nessa ilha, produzia-se quase dois terços do açúcar
comercializado no mundo nas décadas que antecederam o processo de
independência. Para produzir um montante tão grande de açúcar mantinha-se um
contingente de aproximadamente quinhentos mil escravos nas fazendas da ilha. A
população branca, formada pelos proprietários e administrados, era contada em
número de 35 mil pessoas. Havia ainda um pequeno contingente de libertos (24
mil) que conseguiram certa ascendência social.
A adoção
dos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade pelos revoltosos e a
radicalidade das ações nas lutas pela independência levaram os líderes do
movimento a serem conhecidos como Jacobinos Negros, em alusão ao grupo
que comandou a Convenção Nacional, durante a Revolução Francesa, entre os anos
de 1792 e 1795.
A revolta
que resultou na Independência do país iniciou-se em 1791, após a rápida difusão
da notícia de que o novo governo francês havia abolido a escravidão nas
colônias. (Lembrem-se que em uma das fases da Revolução Francesa foi abolida a
escravidão nas colônias e que depois essa decisão foi anulada).
A partir
desse momento, os escravizados e os libertos passaram a exigir o fim da
escravidão. Os escravizados abandonaram as fazendas e as lavouras de açúcar e
passaram a atacar os fazendeiros franceses brancos. Esses ataques se tornaram
frequentes e se espalharam pelo território colonizado pelos franceses. Nesse
sentido, a violência com que os escravizados reagiram estava diretamente ligada
à violência com que eram tratados pelos senhores brancos.
A revolta
não tomou um direcionamento até 1794, quando Toussaint de Bare (mais
tarde Toussaint L’Ouverture) passou a comandar os escravos na luta pela
independência e pelo fim da escravidão. Toussaint, nasceu em cativeiro na ilha
e conseguiu sua liberdade, sabia falar e ler o francês culto e, dessa forma,
teve contato contato com as ideias que chegavam da Revolução Francesa.
Essas
atribuições foram úteis no governo de Toussaint, iniciado em 1801, em que se
promulgou uma Constituição para toda a ilha, abolindo a escravidão e declarando
a igualdade entre todos os habitantes. Toussaint tinha como principais lideranças
de seus exércitos os ex-escravos Dessalines, Henri Christophe, Maurepas,
Pétion e Moïse.
Toussaint
ainda pretendia manter a ilha em uma relação próxima com a França, mas mantendo
a autonomia. Esta crença em uma aliança o fez enviar uma série de cartas a
Napoleão Bonaparte (governo da França), buscando aproximar os dois governos.
Entretanto, Bonaparte não tinha interesse na aliança, pretendendo manter a
escravidão nas colônias.
Em 1801,
Bonaparte enviou um exército de 25 mil homens para a ilha. Iniciou-se uma
guerra sangrenta pela independência. As atrocidades ocorreram de ambos os
lados, mas os brancos acabaram sendo eliminados da ilha. Porém, em 1802, os
franceses conseguiram capturar Toussaint, que foi enviado à França, onde morreu
no cárcere em 1803.
Os demais
Jacobinos Negros (como eram chamados os libertos e escravizados que lutavam
pela independência), Dessalines, Henri Christophe, Maurepas, Pétion e outros,
lideraram os conflitos, conseguindo expulsar os franceses no fim de 1803. No
início de 1804, foi declarada a independência do território de São Domingos e
abolida a escravidão. Com a independência, o novo Estado passou a se chamar
Haiti (nome indígena que significa “terra alta, lugar montanhoso”), em
referência aos indígenas que habitaram esse território. Dessalines assumiu o
governo e permaneceu no poder até 1806, quando foi assassinado por inimigos
políticos.
O Haiti
foi a primeira colônia da América a abolir a escravidão e o segundo Estado a
proclamar a independência no continente. Lá ocorreu a maior revolta contra a
escravidão de toda a América.
A
independência do Haiti só foi reconhecida pelo governo francês em 1825, após o
pagamento de uma indenização à antiga metrópole (França). Durante as lutas pela
independência, a economia haitiana foi abalada. No entanto, a escravidão foi
abolida e houve uma reforma agrária. Para os revolucionários negros do Haiti, independência
também foi sinônimo de liberdade.
Os negros
haitianos não foram os únicos a sonhar com a liberdade e lutar por ela.
Entretanto, foram os únicos que conquistaram o poder e proclamaram a
independência do país. O exemplo da revolução haitiana apavorou as elites de
toda a América, já que mantinham os africanos e seus descentes sob o regime de
escravização.
Jean Jacques Dessalines
Atividades
1. Descreva a
localização geográfica do Haiti.
2. Quais foram os
colonizadores do Haiti e da República Dominicana?
3. Quais fatores levaram
os africanos libertos e escravizados a lutar pela independência de São
Domingos?
4. Como a
Revolução Francesa influenciou a Revolução Haitiana?
5. Por que, para
os africanos e seus descentes que viviam em São Domingos, a independência foi
sinônimo de liberdade?
6. Por que, em outros territórios da América (como o Brasil), as elites escravagistas temeram a Revolução Haitiana?
6. Por que, em outros territórios da América (como o Brasil), as elites escravagistas temeram a Revolução Haitiana?
7. Procure na
internet mais sobre a vida de François Toussaint Louverture. Escreva sobre o
que lhe clamar a atenção a respeito da vida dele. Sugestão de site para
pesquisar: https://www.geledes.org.br/francois-dominique-toussaint-louverture/ .
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