América indígena
Ao longo do tempo, os povos originários que viviam no continente
americano receberam diversos nomes. Vejamos alguns:
·
pré-colombianos:
termo que toma como referência a chegada do navegador Cristóvão Colombo à América;
·
nativos: termo
que designa aqueles que nascem e vivem em um local;
·
índios: termo
que se popularizou a partir de um equívoco de Colombo. Esse navegador não sabia
que tinha chegado em outro continente (América), ele pensou que estava nas
Índias.
Na realidade, esses nomes são convenções criadas para se referir a mais
de 3 mil povos diferentes que viviam na América antes da chegada dos europeus
no século XV (15).
Atualmente, os povos originários americanos têm assumido a autodeclaração
de indígena para se identificar, lutar por seus direitos e valorizar suas
culturas.
Na última atividade, estudamos sobre alguns povos indígenas que viveram
(e vivem) no Brasil. Nesse texto, estudaremos sobre outros povos da América. Observe
o mapa do continente americano e percebe a quantidade de povos nativos.
Antes da chegada dos europeus, havia muitos povos diferentes na América.
Civilizações complexas, como a dos Maias, Astecas e Incas, que nos deixaram
importantes registros de seus conhecimentos astronômicos, matemáticos,
agrícolas, além de obras arquitetônicas e artísticas de grande refinamento e
beleza. Também havia sociedades nômades e seminômades que viviam nesse
continente, como, por exemplo, as populações nativas do território que hoje
chamados de Brasil.
Os europeus encontraram a América durante suas viagens em busca de
metais preciosos e especiarias. Após conhecerem a América, os europeus a
invadiram e dizimaram boa parte dessa população. Estima-se que antes da invasão
europeia no século XV, havia cerca de 50 milhões de pessoas vivendo na América.
A América é um continente enorme onde viviam muitos povos, no entanto, vamos
abordar neste texto apenas três desses povos: maias, astecas e incas. Esses
três povos possuíam algumas características comuns entre si: a agricultura como
principal atividade econômica, técnicas avançadas para o cultivo do solo,
domínio de técnicas aprimoradas de artesanato, atividades comerciais, práticas
religiosas politeístas (acreditavam em vários deuses), forte tradição guerreira
e conhecimentos matemáticos e de astronomia.
Mapa da América (séculos 10 a 15)
Mapa com os territórios ocupados pelos maias, astecas e incas
A civilização maia, praticamente desaparecida na época da conquista
espanhola, desenvolveu-se na área que corresponde ao sul do atual México, a
Guatemala, Belize e Honduras. A história dessa civilização se iniciou por volta
do século VIII a.C. (8 a.C.), tendo seu auge entre os anos 300 d.C. e 900 d.C.
Quando os europeus chegaram na América, essa civilização já estava em
decadência. Pouco se sabe o que ocasionou o desmantelamento dessa civilização.
Os maias organizavam-se em cidades-estados, que tinham governos, leis e
costumes próprios. Apesar da autonomia, essas cidades-estados mantinham
alianças e relações comerciais. As principais cidades foram Copán (na atual
Honduras), Tikal (na atual Guatemala), Chichén Itzá e Palenque (ambas no atual
México).
Em muitas cidades maias, foram erguidos belos palácios e templos em
forma de pirâmide. Na cidade de Tikal, por exemplo, arqueólogos encontraram
mais de 3 mil construções. Entre elas, o templo do Grande Jaguar, que tinha
aproximadamente a altura de um prédio de 20 andares. Atualmente, a área da
antiga cidade de Tikal foi transformada em um parque nacional e declarada
Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
O chefe de cada cidade exercia funções políticas e religiosas e era
considerado um representante dos deuses. A sociedade maia era extremamente
hierarquizada. Havia uma pequena elite composta por nobres, sacerdotes e
guerreiros. Na escala social seguiam-se os artesãos e trabalhadores livres, a
maioria agricultores, que deviam pagar tributos para o governo. O pagamento
desses tributos tinha uma conotação sagrada e constituía-se de parte da
produção agrícola e prestação de trabalho, como reparo e construção de
estradas.
A agricultura constituía a base da economia. O principal produto era o
milho, tão importante que, segundo os mitos maias, os deuses o haviam utilizado
como matéria-prima para criar o homem. Os maias também cultivavam cacau, pimenta,
algodão, feijão e abacate.
Os maias criaram um sistema de escrita e produziram livros chamados códices.
Embora a maioria dos códices tenha sido destruída pelas europeus, restaram
alguns deles e foram decifrados no século XX (20). Os códices são fontes
históricas importantes que apresentam aspectos da cultura maia. Nesses livros,
os maias registraram o cotidiano, as crenças religiosas e os conhecimentos
científicos. Além dos livros, a escrita maia pode ser encontrada nos monumentos
de pedra, escadarias e artigos de cerâmica.
Além da escrita, os maias desenvolveram conhecimentos astronômicos e
matemático. Elaboraram calendários e calcularam a duração do ano próxima da que
usamos atualmente. Na matemática, tinham o conceito do número zero e criaram
uma nova numeração, o que possibilitou o desenvolvimento de cálculos
astronômicos.
Sítio arqueológico e parque de Tikal
Códice maia
ASTECAS
Também conhecidos como mexicas (de onde
deriva o nome México), os astecas eram originalmente povos nômades, guerreiros
e caçadores, falavam a língua nahuatl. Provavelmente originários do sul
do atual território norte-americano, emigraram para a região do México e lá se estabeleceram
no século IV (4), fundando o núcleo inicial da futura cidade de Tenochtitlán
(atual cidade do México).
Enquanto seus “vizinhos” maias entraram em
decadência, os astecas começaram a crescer por volta do século XII (12).
Quando os espanhóis chegaram à região, no século XVI (16), os astecas dominavam um poderoso império no vale central do México, formado por 38 províncias, sujeitas ao pagamento de impostos ao governo asteca.
Quando os espanhóis chegaram à região, no século XVI (16), os astecas dominavam um poderoso império no vale central do México, formado por 38 províncias, sujeitas ao pagamento de impostos ao governo asteca.
Os astecas ampliaram seu território por meio da
guerra: conquistaram cidades e povos vizinhos, transformando-se em um vasto
império que chegou a reunir 11 milhões de pessoas. Para eles, a guerra também
tinha uma dimensão religiosa. Acreditavam ser o povo escolhido pelo deus Sol,
Huitzilopochtli, destinado a conquistar e dominar outros povos. Segundo sua
tradição, os guerreiros que morressem lutando atingiam o paraíso.
A sociedade asteca era hierarquizada. Existiam
nobres, comerciantes, artesãos e camponeses. Entre os nobres, estavam o
imperador, sacerdotes, chefes militares, governadores de províncias e altos
funcionários do Estado. Também havia uma elite de ricos comerciantes e
artesãos. A maioria da população era formada por camponeses (os que trabalham
na agricultura) que eram obrigados a pagar tributos para o governo.
Além disso, criavam animais como perus, patos e cachorros.
Comercializavam bens como tecidos, peles, cerâmicas, sal, ouro e prata.
Dominavam técnicas de ourivesaria, cerâmica, tecelagem e engenharia, aplicada,
por exemplo, na construção de diques, templos e aquedutos. Produziam obras de
arte como máscaras em forma de mosaico representando, muitas vezes, divindades.
Assim como os maias, os astecas eram politeístas e tinham o costume de
construir templos em formato de pirâmides para os diferentes deuses. Alguns
deles eram: Huitzilopochtli (deus da guerra e do trovão), Tlaloc (deus da chuva
e do trovão) e Quetzalcóatl, também conhecido como serpente emplumada, (deus da
água, da terra, da escrita, do calendário e das artes). Nesses templos, realizavam
cultos religiosos, entre eles rituais de sacrifício humano. Geralmente, as pessoas
sacrificadas eram prisioneiros de guerra.
Como os maias, os astecas desenvolveram um calendário, um sistema de
escrita baseado em signos e produziam códices (livros). O Códice Borturini
e o Código Mendoza foram criados por volta de 1540, cerca de vinte anos
após a chegada dos espanhóis.
Nesses códices, os astecas descrevem eventos importantes da sua história
e cenas da vida cotidiana relacionadas à comida, bebida, diversão e educação. O
mais conhecido foi o Códice Medonza.
A educação das crianças parece ter sido uma das principais preocupações dessa sociedade. Os astecas tinham um calendário com cálculo preciso do ano solar (com 365 dias). Médicos astecas podiam consolidar os ossos quebrados e fazer obturação em dentes. O planejamento urbano era impecável. Suas obras públicas incluíam quilômetros de estradas e aquedutos. A capital Tenochitlán foi erguida em área pantanosa, cuidadosamente drenada e aterrada para comportar cerca de 100 pirâmides e torres.
A educação das crianças parece ter sido uma das principais preocupações dessa sociedade. Os astecas tinham um calendário com cálculo preciso do ano solar (com 365 dias). Médicos astecas podiam consolidar os ossos quebrados e fazer obturação em dentes. O planejamento urbano era impecável. Suas obras públicas incluíam quilômetros de estradas e aquedutos. A capital Tenochitlán foi erguida em área pantanosa, cuidadosamente drenada e aterrada para comportar cerca de 100 pirâmides e torres.
Códice Mendoza
Códice Mendoza
Os maias e os astecas cultivavam cacau. Os astecas preparavam uma bebida amarga com o cacau, que era consumida em rituais religiosos e algumas festas. Graças ao cultivo que os maias e os astecas fizeram e, depois, com as contribuições europeias é que hoje temos o chocolate :D
Chinampas
Na América do Sul, os incas habitavam a região
andina onde expandiram seu império a partir da cidade de Cuzco (capital do
Império Inca, no território que corresponde ao atual Peru. No século XV (15),
expandiram suas fronteiras, chegando a dominar grande parte das áreas que hoje
compõem o Peru, Bolívia, o Equador e o norte da Argentina e do Chile. Os incas
chamavam seu grande império de “As Quatro Terras” ou “Os Quatro Cantos do
mundo”, Tawantinsuyu.
Os incas adotaram uma maneira peculiar de dominar
outros povos: antes de estabelecer o domínio em uma região, eles procuravam
convencer a população das vantagens de se tornar membros do Império Inca. E os
guerreiros faziam questão de destacar a importância do culto ao Sol e da língua
quíchua. O império inca chegou a abranger uma população de 12 milhões de
pessoas.
O imperador inca era considerado uma divindade e
recebia o nome de Sapa Inca e de filho do Sol. Quando morria, o Sapa Inca era
mumificado e cultuado.
Além do imperador, a elite inca era composta por
sacerdotes, chefes militares, governadores de províncias e funcionários do
Estado. Também havia grupos privilegiados de artesãos, guerreiros, projetistas
e contabilistas. A maioria da população era formada por camponeses. Os
principais produtos agrícolas eram milho, batata, feijão, quinoa, tomate e
tabaco. Criavam animais como lhamas e alpacas. Esses animais eram utilizados
para transporte de cargas e para a obtenção da lã, leite e carne.
Os incas desenvolveram a tecelagem, a cerâmica, a
metalurgia do bronze e do cobre e a ourivesaria de ouro e prata. Construíram
palácios, templos, estradas pavimentadas, aquedutos, canais de irrigação e
terraços agrícolas nas encostas das montanhas.
O imperador Inca se esforçava para manter o
controle do império, nomeando uma espécie de governador para administrar cada
região e prestar contas. Os cobradores de impostos exerciam importante função
administrativa.
Os incas se destacaram pelos conhecimentos contábeis, pela organização do trabalho, pela construção de estradas e pela criação de um sistema de correios.
Os incas se destacaram pelos conhecimentos contábeis, pela organização do trabalho, pela construção de estradas e pela criação de um sistema de correios.
Para facilitar a complicada contabilidade da produção
agrícola, que também era a base da economia, os incas utilizavam cordões com
nós chamados quipos Os incas não tinham escrita, mas um complexo sistema
de informações que consistiam em cordões coloridos nos quais se faziam vários
nós. A cor e a quantidade de nós registravam diferentes informações, como a
produção de alimentos, o número de habitantes do império e o valor dos
tributos. Além da função econômica, os quipos eram utilizados também para
registrar o censo populacional e outros números importantes para os
administradores públicos.
As terras do Império Inca eram cortadas por uma
rede de estradas talhadas nas encostas das montanhas, percorridas por caravanas
de lhamas e pelos mensageiros do imperador. As estradas eram pavimentadas com
pedras e tinham uma extensão de mais 23 mil quilômetros, unificando todas as
partes do império. A construção das estradas era assegurada pela mita, sistema
de distribuição de tarefas pelo qual os camponeses eram obrigados a prestar
serviços ao Estado durante alguns dias do ano.
O Império Inca se estendia por vastas regiões,
integrando diversas culturas, religiosidades e línguas. Contudo, o quíchua (ou
quéchua) foi uma das línguas principais adotadas pelos incas. Hoje, essa língua
é falada por cerca de 10 milhões de pessoas na América Latina. O quíchua
influenciou também nossa língua aqui no Brasil, dando origem a palavras como
condor, chácara, mate e pampa.
O principal vestígio da civilização inca é a cidade
de pedra de Machu Picchu, no Peru que sobreviveu à conquista espanhola. A
cidade foi construída no topo de uma montanha no Vale do Rio Urubamba, a cerca
de 2.400 metros de altitude. Abandonada por seus habitantes em época incerta, a
cidade ficou coberta pela vegetação até ser encontrada numa expedição arqueológica
em 1911. Em 1983, Cuzco e Machu Picchu foram declaradas Patrimônio da
Humanidade pela Unesco.
Machu Picchu
Terraças incas. Essas terraças (ou terraços) eram feitas para que eles pudessem cultivar alimentos (especialmente as batatas) nas montanhas. Viviam próximos a Cordilheira dos Andes, que é um lugar bastante alto e frio.
Terraças incas
Observe a variedade de batatas que os incas cultivavam. Eram muitos tipos e resistentes ao frio. Até hoje muitos tipos de batata podem ser vistas nos locais onde os incas habitaram.
Representação dos incas cultuando o deus Sol. Perceba que eles criaram alguns instrumentos musicais.
Atividades
2. Após ler o texto com atenção, faça, em seu caderno, anotações sobre cada um desses três povos. Se quiser e puder, pesquise mais sobre eles na internet e/ou em livros. Não é necessário entregar a atividade de número 2, já que essas informações são para você.
3. Cite duas fontes históricas, mencionadas no texto, que podem ser utilizadas para conhecer mais sobre os maias.
4. Cite duas fontes históricas, mencionadas no texto, que podem ser utilizadas para conhecer mais sobre os astecas.
5. Cite duas fontes históricas, mencionadas no texto, que podem ser utilizadas para conhecer mais sobre os incas.
6. Cite duas criações desses povos que mais lhe chamaram a atenção e explique por que as escolheu.
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