sexta-feira, 15 de maio de 2020

Turma 91 - História - Prof. Marcos Monteiro


ATIVIDADE TURMA 91

Argentina: O Peronismo (1945-1955) 

O populismo na América Latina 

Os conflitos entre as oligarquias rurais e movimentos sociais urbano estiveram presentes em vários países latino-americanos. Deles surgiu uma solução intermediária que buscava conciliar os interesses em choque: o populismo - governos do tipo nacionalista e popular. 

No Brasil, o populismo é inaugurado com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, após a revolução de 1930; na Colômbia, com a ascensão do liberal Enrique Olaya Herrera – 1930; no México, com a eleição de Júlio Cárdenas, em 1934; no Chile, com a eleição de Pedro Aguirre Cerda, que deu início a reformas beneficiando os trabalhadores e que fora eleito por meio da organização de uma frente popular, em 1938; e, na Argentina, o populismo vai acontecer com o governo de Juan Domingo Perón, 1945/1955, que contou com a presença marcante de Eva Perón, sua mulher. Promover a industrialização, desenvolver o mercado interno, encaminhar reformas sociais, sem perder de vista a importância do setor agrário-exportador, foi o grande desafio do populismo. 

Assim, no México, Lázaro Cárdenas (1934-1940) acelerou o processo de distribuição de terras, repartindo 20 milhões de hectares, e nacionalizou as ferrovias e o petróleo sem criar impasses políticos. Ele, porém, tinha, atrás de si, a Revolução de 1910 e o Partido Revolucionário Mexicano – rebatizado, em 1945, com o nome de Partido Revolucionário Institucional –, que era a única organização política mexicana. Por isso, Cárdenas obteve o respaldo dos comunistas, dos liberais radicais e das organizações de trabalhadores - Confederação dos Trabalhadores Mexicanos e Confederação Nacional dos Camponeses - que, entretanto, mantiveram-se subordinados à sua autoridade. 

Argentina: O Peronismo (1945-1955) Até 1930, a industrialização Argentina esteve subordinada ao setor agroexportador. De 1930 a 1960, como ocorreu também no Brasil, na Argentina alterou-se o padrão de desenvolvimento econômico, com a política de industrialização voltada para a substituição das importações, portanto, para o mercado interno. 

É nesse quadro que aparece o político argentino de influência mais duradoura na Argentina contemporânea: Juan Domingo Perón. Admirador do fascismo italiano de Mussolini, Perón era o líder de uma organização militar denominada Grupo de Oficiais Unidos. No regime militar implantado pelo golpe militar de 1943, que derrubou o presidente Castillo, Perón ocupou a Secretaria do Trabalho e da Previdência e fez aprovar uma série de leis trabalhistas, como jornada de oito horas de trabalho, salário mínimo, previdência social, e apoiou a formação e atuação dos sindicatos, inclusive pressionando empresários relutantes a atenderem as reivindicações dos trabalhadores. 

Ora, o objetivo de Perón era o apoio dos trabalhadores, tanto da cidade como do campo. Do seu crescimento dependia o êxito do programa paternalista do governo, isto é, eram necessários trabalhadores sem experiência política e sindical, sem ideologia própria e sem liderança. As medidas populares foram acompanhadas de leis que auxiliavam os empregados, como a ajuda do Estado às atividades industriais e comerciais. 

A política assistencialista de Perón era justificada junto aos empresários como garantia do controle das massas para manter a paz e a ordem. Em outubro de 1945, grupos militares ligados aos setores dominantes (oligarquia) conseguiram destituí-lo da Secretaria e aprisioná-lo. Mas uma mobilização popular maciça (cem mil participantes), liderada por sua mulher, Eva Perón, libertou-o e o reconduziu ao posto. Cinco meses depois, foi eleito presidente, com uma votação esmagadora. 

Em seu governo, a organização sindical estendeu-se para os trabalhadores de todas as indústrias, o mesmo acontecendo com os benefícios previdenciários. A educação gratuita foi oferecida a todos e casas populares foram construídas e efetivamente entregues. A ampliação de sua base política se efetivou com a introdução do voto feminino. 

A partir de 1951, no seu segundo mandato, Eva Perón teve um papel fundamental junto aos trabalhadores, em especial junto às mulheres. A política sindical tornou-se sua própria esfera de poder. Paralelamente à legislação trabalhista, Perón nacionalizou a companhia telefônica, as ferrovias, os bondes e os serviços de gás. A situação ou conjuntura econômica pós-guerra era favorável e possibilitou a Perón incrementar a industrialização sem contrariar os interesses do poderoso setor agro-exportador. 

O êxito de sua política permitiu-lhe fundar e difundir uma ideologia - o justicialismo -, que pretendia fazer de seu governo um sistema eqüidistante do comunismo e do capitalismo. Mas o êxito era aparente. A multiplicação das funções do Estado e as nacionalizações efetivadas não tardaram a gerar uma grave crise nas finanças públicas. Como nos demais países latino-americanos, as indústrias argentinas importavam equipamentos (máquinas) do exterior, cujos preços eram muito superiores aos dos produtos primários exportados. 

O resultado foi o crescente endividamento externo. Além disso, a recuperação da Europa do pós guerra provocou a queda dos preços dos produtos primários, desequilibrando a balança comercial argentina. A popularidade de Perón estava ancorada em sua doutrina justicialista, na qual ressaltava o nacionalismo e o anti-imperialismo. Entretanto, o crescente endividamento da Argentina fez com que Perón passasse a depender do auxílio norte-americano e, portanto, a efetuar importantes concessões aos seus interesses, particularmente às suas empresas petrolíferas. 

Perón procurou encobrir a crise adotando uma postura demagógica, como a que legalizava o divórcio e abolia a instrução religiosa nas escolas. Tais medidas apenas provocaram a ira da Igreja Católica e multiplicaram conflitos de rua entre peronistas e clericalistas. O clima de agitação foi propício para que os antiperonistas desfechassem violentos ataques ao governo por meio da imprensa. Nesse clima de grande acirramento dos ânimos, em 31 de agosto de 1955, Perón jogou a sua cartada final, e perdeu. 

Naquela data, ele se decidiu finalmente a adotar uma posição esquerdista e convocou os “descamisados” para combater os conservadores. No início de setembro, ele dirigiu um apelo para que a Confederação Geral do Trabalho (CGT) criasse milícias operárias. Em 16 de setembro, as Forças Armadas reagiram depondo Perón e colocando, em seu lugar, o general Pedro Eugênio Aramburu, que permaneceu no poder entre 1957 e 1958.

1.    Como surgiu o Populismo na América Latina?
2.    O Populismo foi fenômeno tipicamente argentino? Justifique.
3.    O que foi o Justicialismo?
4.    Como Péron projetou-se na Secretaria do Trabalho?
5.    Como foi o segundo mandato de Péron?
6.    O que causou a crise na Argentina durante o Peronismo?
7.    Como Péron reagiu a crise e como os grupos de oposição reagiram as posições de Péron?

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