REGISTRO DE ATIVIDADES DOMICILIARES
(6 à 9/04/2020)
ESCOLA: Municipal de Ensino
Fundamental Nova Petrópolis
PÚBLICO ALVO: 8º ano
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COMPONENTE
CURRICULAR: Língua Portuguesa
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Período
que corresponde a atividade domiciliar
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6
de abril até 9 de abril
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Objeto(s)
do conhecimento
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Leitura e
interpretação textual.
Significado
de palavras.
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Objetivo(s)
da atividade domiciliar
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Ler e
interpretar texto reflexivo; pesquisar o significado de palavras desconhecidas.
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Coronavírus
escancarou a conta do nosso egoísmo
Se antes
bastava se cercar no próprio feudo e a guerra não chegaria ali, agora, para
funcionar para mim, precisa funcionar para todo mundo
PEDRO AIHARA
SERGIO PEREZ / REUTERS
No último dia 22, no meio da
pandemia de coronavírus, uma senhora de 90 anos faleceu na Bélgica após ter recusado o ventilador mecânico para ceder o
equipamento em favor de alguém mais jovem. “Guarde para alguém mais jovem. Eu
vivi uma boa vida” foi o que ela disse dias antes de falecer.
Não é hidroxicloroquina ou cloroquina que irão nos salvar
dessa vez. O inimigo dessa vez é invisível e implacável: fez os líderes das grandes nações parecem crianças assustadas,
fez o Papa sozinho e cabisbaixo perdoar os nossos pecados, fez
judeus e muçulmanos rezarem juntos.
As nossas tradicionais armaduras
falharam. De nada adiantou o poderio militar nuclear dos mísseis ou os
inalcançáveis imóveis de luxo do Central Park: o gramado agora está cheio de
tendas de hospital de campanha. Nossos planos de saúde caros não foram suficientes para tirar o
receio da falta de equipamentos de nossas cabeças e tampouco nossos celulares e
televisões sofisticados foram capazes de entreter no meio dessa solidão sentida e vivenciada por
todos.
Sentimo-nos amedrontados,
perdidos, sozinhos. E aí, diante de algo que não sabemos como nem quando vai
acabar, fomos obrigados a ajoelhar. E para ajoelhar, todos nós fomos obrigados
a aprender que é necessário sair dos nossos tronos, das nossas bolhas, das
nossas coberturas, das nossas realidades e aproximar a cabeça do chão, frágeis
e despidos.
Quando a gente se abaixou,
acabamos esbarrando as cabeças uns nos outros e o milagre começou a acontecer.
Começamos a perceber que a doença que mata a minha mãe também mata a mãe de
quem mora do outro lado do mundo. Vimos que o mesmo problema que quebra o meu negócio
desemprega o meu funcionário mais simples. Passamos a enxergar a importância de
profissões que muitas vezes considerávamos pouco importantes ou dispensáveis.
Constatamos que o medicamento que me falta também faltará para quem mora na favela. Sentimos que a mesma
solidão que se abate sobre mim angustia o outro que tem nome, cor, origem e
religião diferentes dos meus.
Despedaçados perante nossos medos
mais ocultos, enfim fomos obrigados a admitir aquilo que já sabíamos mas não
queríamos aceitar: somos todos iguais. No final das contas, após todo o
dinheiro, todo o status, todos os privilégios, encolhemo-nos de medo das mesmas
coisas e sentimos uma compaixão comum diante dos números que crescem, seja
na Itália,
nos Estados Unidos ou na nossa cidade.
Se antes bastava se cercar no
próprio feudo e a guerra não chegaria ali, agora, para funcionar para mim,
precisa funcionar para todo mundo. Para que eu seja protegido, preciso proteger os outros. A
conta do nosso egoísmo chegou, cara e sem nenhum desconto.
Mas com o milagre, percebemos que
essa conta pode ser paga de outra forma. Dito e repetido, não são
hidroxicloroquina ou cloroquina que encerrarão esses tempos obscuros. Já
descobrimos a cura e ela se chama amor. Pode parecer piegas, não é mesmo? Mas a
verdade é que chegamos no ponto decisivo, na curva da inflexão na qual ou nós
mudamos a maneira de convivermos enquanto sociedade ou estaremos sempre à mercê
de nosso próprio egoísmo disfarçado de vírus, guerras, crises
econômicas ou governantes inescrupulosos.
Para muito além do desespero e
caos que estafam a nossa mente, o Brasil que se apresenta agora é o Brasil dos profissionais de saúde exaustos que se revezam
incansavelmente para salvar pessoas que nem conhecem. É o Brasil de empresários
assumindo prejuízos para não demitir seus funcionários. É o Brasil de pessoas
parando suas atividades para garantir o bem-estar de outros. É o Brasil dos entregadores, garis, caminhoneiros e caixas de
supermercados. É o Brasil de pessoas que doam o pouco que tem para que quem tem
menos ainda possa ter algo. É o país do amor ao próximo e de gente que se
preocupa com gente, de forma real e para além de qualquer discurso vazio e
hipócrita.
Esse país de gente solidária,
trabalhadora e resiliente pode afinal ser o gigante que acordou, ainda que
tantos discursos e personagens irresponsáveis tentem macular nosso foco. A
reflexão sobre qual lado da história iremos (e optaremos por) estar nunca foi
tão necessária.
Tempos difíceis servem para
algumas coisas, entre elas grandes aprendizados e reflexões incômodas. Quando
aquela senhora heroína na Bélgica cedeu seu equipamento, a afirmação dela pode
e deve ser repetida aqui: “guarde para alguém mais jovem”. E dessa vez, não é
sobre o equipamento. É sobre o legado e a história que estamos construindo
nesse momento decisivo. É a hora de abaixarmos as nossas bandeiras ideológicas
e substituí-las por empatia, bom-senso e álcool em gel. Fiquemos em casa e ajudemos uns aos outros,
irrestritamente. Construamos, unidos, nesse momento difícil, uma nação melhor e
mais solidária, para que possamos deixar, após a crise, um país melhor
“guardado para os mais jovens”. É essa a real cura para o temido vírus.
Pedro Aihara é bombeiro militar, mestre em
Direitos Humanos, especialista em Gestão e Prevenção de desastres, professor e
palestrante. Atuou em crises como as de Brumadinho, Mariana, Janaúba, entre
outras.
QUESTÕES SOBRE O TEXTO:
1) No
início do texto, há um relato que impressiona o leitor. Que relato é esse e por
que impressiona?
2)
Explique o trecho “Se antes bastava se cercar no próprio feudo e a
guerra não chegaria ali, agora, para funcionar para mim, precisa funcionar para
todo mundo”.
3) Segundo o texto, os valores materiais das
pessoas são importantes no momento em que estamos vivendo? Por quê?
4) Pedro Aihara, autor do texto, faz o leitor
refletir sobre temas sociais extremamente relevantes. Que temas são esses?
5) Que Brasil é relatado no texto?
6) Leia o trecho:
“Esse país de gente solidária, trabalhadora e
resiliente pode afinal ser o gigante que acordou, ainda que tantos discursos e
personagens irresponsáveis tentem macular nosso foco.”
Há, na frase acima, um relato de ideias opostas.
Que ideias são essas e qual sua opinião sobre isso?
7) No último
parágrafo, aparecem algumas dicas fundamentais para o atual contexto em que
estamos vivendo. Que dicas são essas e qual sua importância?
8) Pense e responda : o que você pode fazer,
enquanto jovem cidadão alvoradense, para
ajudar a sanar os problemas relatados no texto?
9) Escreva 5 palavras do texto, as quais não
conhece o significado e procure sua definição, escrevendo-a ao lado da palavra.
Veja o exemplo:
Hidroxicloroquina:
medicamento utilizado no tratamento de doenças como malária, artrite
reumatoide, lúpus. Também utilizado no tratamento de coronavírus.
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